segunda-feira, 26 de outubro de 2009

"Pressa... muita pressa nessa hora..."


Ana Clara completou 6 meses há exatos 20 dias e eu ainda não comecei a introdução de alimentos sólidos... Li muito sobre o assunto, e me identifiquei bastante com um texto de uma amiga minha - Dicas para iniciar a alimentação do bebê. Ela diz que devemos "olhar mais para a criança e menos para o relógio": lógico!! Cada pessoa é diferente da outra, porque que com os bebês seria diferente? Por que que no "mêsversário" de 6 meses de todo bebê devemos dar a primeira papinha? Isso quando já não se introduziu alimentos antes disso (o que acontece com muita freqüência...). Por que a pressa?
Eu sinto muitas mães super inseguras e que jamais questionariam o que o pediatra de seu filho falar. Sinto que muitas mães tem pressa que seu filho comece logo a comer, a engatinhar, a andar a falar...

Aliás: a pressa começa antes disso: na gravidez. Se, com 13 semanas de gravidez, a gestante faz uma ecografia e não consegue ver o sexo do bebê, ela já fica desesperada: “Meu Deus? Não vai dar tempo de preparar o enxoval do bebê!!” E quando a gestante chega às 40 semanas, o ginecologista obstetra já marca uma cesárea pois “o bebê já está pronto pra sair”.
Neste fim de semana encontrei uma grávida e perguntei: “Tá de quantas semanas?” e ela respondeu: “Ai ai... não sei te dizer exatamente, mas sei que até dia 10 ele nasce!”. Como ela sabe? Certamente o médico dela disse que a DPP seria dia 10 de novembro, mas como já diz a sigla DPP: data provável do parto. Provável, e não exata. Pode ser antes ou depois disso. Depois? Sim!! A DPP é marcada com 40 semanas, mas a gestação pode durar até 42 semanas. Mas hoje em dia, qual grávida espera mais que 40 semanas? Se até essa data ela não tiver entrado em TP (trabalho de parto), é marcada uma cesárea na certa!! (isso se ela já não tiver marcado mesmo sem ter entrado em TP). Pressa, pressa, pressa... Por quê?

E depois que nasce? O bebê já deve ser “adestrado” a ser independente!! (“adestrado” pode ter sido um termo muito forte, mas muitas vezes é isso que eu acho que algumas mães fazem). Os pais aplicam técnicas para ensinar o bebê a dormir sozinho, no seu berço, longe dos deles, sem muito colo “senão acostuma mal o bebê!!” E se o bebê não dorme a noite inteira já no segundo ou terceiro mês, muitos “apelam” para chás calmantes e até remédios!!

E a amamentação exclusiva até os seis meses? Vejo que algumas mães, com as quais converso, se sentem vitoriosas por conseguirem amamentar exclusivamente até aos seis meses. Desculpa aí, mas, salvo alguns problemas de amamentação e outros poucos motivos, acho que não fazemos mais do que a nossa obrigação. É sim obrigação de mãe prezar pela saúde do filho, não é? E alimentar um bebê antes dos seis meses sem ser com o leite materno é descuido com seu filho!! O sistema digestivo do bebê não está pronto pra receber comida antes disso. Mas se a mãe o faz... No entanto, muitas vezes também não é culpa da mãe. Tem pediatra que desmama, diz que com quatro meses já deve-se introduzir papinhas, aí as mães “vão na onda”. E alguém vai discutir com o médico? Pois é, as mães que estudam, que lêem e que acreditam que elas sabem mais do seu filho do que o pediatra, talvez questionariam o médico... outras simplesmente não dizem nada e certamente vão procurar um profissional melhor.

Mas e as mães que não tiveram estudo? Que não tem acesso à internet? Infelizmente essas dizem “amém” a tudo que o pediatra diz. E vai da sorte dela encontrar um bom profissional no posto de saúde. Infelizmente...

Hoje mesmo fui no “Programa Mãe Curitibana” pra conversar sobre a questão da introdução da alimentação sólida... A profissional que me atendeu disse que eu já tenho que começar a dar todas as refeições do dia pra minha filha: “café da manhã (uma fruta), almoço (uns três ou quatro alimentos de cores diferentes) e de sobremesa um suco, no meio da tarde outra fruta. Entre as refeições pode amamentar, mas o leite materno já não é mais a base da alimentação do bebê.” Sem comentários...

E os estímulos? Bebês e as crianças são envoltas de estímulos e mais estímulos: cores, músicas, desenhos, televisão, computador, milhões de atividades extras curriculares. Pra quê? Olha aí a pressa novamente...

Ter que lutar pelo que acho certo, indo contra o que diz toda uma sociedade atual que vive com pressa de tudo, é muito difícil.
Me sinto em sintonia com minha filha desde que ela estava na minha barriga. E isso vai muito além das conversas que tinha com ela na gestação e das músicas que colocava pra ela ouvir... Estar em sintonia é ... sentir, amar cada instante, viver intensamente o amor de estar com seu filho. Deixar a vida fluir naturalmente: e tudo em seu tempo. É preciso ter MUITA paciência, calma e principalmente: respeito. Profissão de mãe é difícil!! Ninguém nunca disse que era fácil.

Um comentário:

  1. Isabella,

    Perfeito o seu post!

    O pior é quando começam a pitacar e comparar nossos filhos com outras crianças. Respeitar o ritmo de cada criança parece não passar pela cabeça de algumas pessoas.

    Nesta fase de introdução dos sólidos a Sarah já demonstrava bastante interesse, mas eu encarei como um período de experimentação e aprendizagem. Eu oferecia e por algum tempo ela comia umas duas colheradas do almoço, por exemplo. Nunca forcei, porque não queria ensinar a minha filha a ter uma relação doentia com a comida.
    Logo ela tomou gosto mesmo pela alimentação e come muito bem, tanto em qualidade como em quantidade. Ela come verduras, legumes e frutas com muito gosto.

    O mundo moderno é muito imediatista e as consequências vemos todos os dias, só não enxerga quem não quer.
    Já diz o velho ditado "Quem tem pressa come cru".

    Bjs,

    Van

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