domingo, 15 de novembro de 2009

"O nosso Cordão Dourado... que passa por todo lado..."

Dia 31/10/2009... Um sábado lindo de sol: Festa da Primavera do Cordão Dourado. Cheio de rituais e aquelas crianças graciosas com suas coroas de flores na cabeça... Nossa, que festa linda!! Eu já era apaixonada pela Escola Waldorf, e nesse dia, então, não tive dúvidas de que a Ana Clara vai ser conduzida por essa antroposofia.

Ontem, dia 14/11/2009, fui num encontro chamado “Portas Abertas”, promovido para quem quisesse conhecer um pouco mais sobre o ritmo da Educação Infantil Waldorf, com uma vivência do ambiente e metodologia da escola Cordão Dourado.
O encontro era das 8h às 12h, então tive que levar a Ana junto... Fiquei um tanto quanto receosa com o comportamento dela, ela vive gritando aqui em casa e achei que ela pudesse ficar meio agitada lá também. Quando chegamos lá, a Ana já estava com muito sono e logo dormiu enrolada no nosso querido indispensável sling wrap. Haviam apenas 6 pessoas: eu, outras 3 mães e um casal de namorados interessados na pedagogia, além da diretora e duas professoras da escola.
Sentamos numa mesinha (adaptada para as crianças) e cada um deveria fazer um desenho com os gizes feitos de cera de abelha. Depois a diretora da escola mostrou uns desenhos, feitos por alunos, para explicar o desenvolvimento psicomotor da criança. Nessa escola, salvo algumas pouquíssimas vezes, as professoras não sugerem temas para os desenhos, é sempre livre: assim o desenho reflete muitos aspectos da criança, servindo de ferramenta para identificar em que fase o aluno se encontra. As turmas não são separadas por idade, e sim pela fase de desenvolvimento psicomotor de cada uma.
Depois dos desenhos, fomos “fazer o lanche”: pão sueco. Cada um recebeu um pedaço da massa, já pronta, e deveria esticar com um rolo até ficar bem fininha. Cada pedaço esticado recebeu seu lugar na forma e foram para o forno. Enquanto esperamos assar o pão, fomos conhecer os espaços de brincar (dentro da escola) e os brinquedos: bonecas waldorf, os carrinhos de madeira, bolas de lã... Nada de plástico. Nada muito cheio de cor. Deixou-se claro que os brinquedos devem passar uma ‘verdade’; o plástico é frio e leve, não tem peso como a madeira, não tem o calor da lã. As bonecas waldorf não apresentam expressão de felicidade nem de tristeza, assim a criança se sente à vontade de explorar os sentimentos da boneca em suas brincadeiras. Se a boneca já vem tem um sorriso estampado no rosto (como é o caso de várias bonecas de plástico que achamos nas lojas de brinquedos) e quando a criança “brinca que a boneca está triste”, não existe verdade naquilo que ela está fazendo. Os brinquedos são oferecidos aos alunos e estes ficam à vontade para explorar o que quiserem da maneira que quiserem, junto com o colega ou sozinho. A brincadeira é, assim como o desenho, sempre livre para a criança expressar e explorar os objetos e o espaço à vontade. Quando se deve passar à outra atividade, as crianças guardam os brinquedos, sempre “conduzidas” por uma música cantada pela professora.
Depois do conhecimento dos brinquedos da escola, fomos fazer a roda: uma atividade de história, música e movimento corporal. A professora conta uma história usando os movimentos do corpo e intercala entre a fala e o canto. Os movimentos, assim como os brinquedos, devem representar a verdade: “Se represento a ‘árvore’, não vou sair saltitando e mexendo os braços, pois árvores não pulam.” Afirma a professora Sara. “E não pedimos para as crianças imitarem cada movimento que fazemos, isso acontece naturalmente” disse a diretora Margarete.
Enquanto acontecia essa atividade, eu e a Ana não participamos: ela havia acordado e estava na “hora do papá”. Sentamos no chão, ao lado da roda, e fui dando a papinha de mamão enquanto a professora contava a história. A Ana não tirou os olhos da professora, que cantava e balançava os braços no alto representando “uma árvore que balança com o vento”.
Depois foi a hora do lanche. Fomos comer o pão sueco. Antes de comer é feito um agradecimento. O pão estava uma delícia!! Foi um momento muito gostoso: as professoras contaram vários fatos que acontecem entre as crianças nesse momento. A Ana ficou bem comportada no meu colo batendo com as mãozinhas na mesa.
Depois fomos conhecer o espaço aberto: um quintal lindo, com brinquedos de madeira, caixotes, cavalinhos entre vários outros que ficam à disposição dos alunos que correm e brincam livremente entre as árvores com balanços, na areia e na terra. Quando é hora de entrar, as professoras conduzem os alunos com uma música para guardar os objetos usados, formam um “trem” para entrarem, lavarem as mãos e entram para ouvir uma história. A professora Cassandra acendeu uma vela (que ficava numa mesinha no meio da roda de cadeirinhas) usou um “kântele” para cantar e contar a história. Quando a história acabou, conversamos durante uma meia hora sobre tudo que vimos na escola.
As escolas Waldorf em Curitiba tem uma ligação muito forte entre elas, não existe uma competição ou rivalidade, as pessoas (pais, professores, diretores) que seguem essa pedagogia são amigos, se conhecem e buscam JUNTOS uma vida melhor para as crianças dessa geração. A pedagogia e metodologia não se perdeu como aconteceu com outras como o "construtivismo", por exemplo. Os alunos não são bombardeados de estímulos: atividades exra-curriculaes, cores, televisão, computador... A vontade de cada criança é respeitada assim como seu ritmo de desenvolvimento. A escola não tem paredes pintadas com desenhos de personagens encontrados na mídia, não tem bexigas coloridas penduradas nas paredes, os brinquedos oferecidos às crianças foram feitos na própria escola... E isso tudo não é um questão de ser "alternativo" (como muitas vezes sou taxada por escolher uma escola assim pra minha filha, por querer ter tido um parto humanizado, por acreditar na psicomotricidade livre, por usar sling...) e sim uma questão de RESPEITO. Respeito pelo desenvolvimento da minha filha e é isso que ela merece.
Imagem: arquivo pessoal, Ana Clara e Rapha andando naquele agradável gramado aquecido pelo sol que veio iluminar a Festa da Primavera do Cordão Dourado.

6 comentários:

  1. Lindo Isa! Nossos filhos agradecem nossa escolha. Você é testemunha da agilidade com que a Dani se desenvolveu no Cordão. E o amor que as professoras e diretores tem pelo que fazem é o maior diferencial. Eles AMAM as crianças, cada uma delas! Vou encaminhas o link do seu post pra Margarete, ela vai adorar!

    ResponderExcluir
  2. Oi Isa, muito emocionante e apaixonada sua primeira experiência com a escola waldorf. É isso mesmo. A Dora tem tido bons momentos no Cordão Dourado - e a gente também! Espero que a Ana seja companheira do Adriano nas brincadeiras naquele quintal em breve. O mais importante de tudo que a gente tem aprendido com a pedagogia não é ser tal coisa ou fazer isso ou aquilo, mas ser simples e viver com simplicidade. Um beijo!

    ResponderExcluir
  3. Isa, adorei teu blog. Tá lindo, lindo,lindo. Virei mais do que fã. :)
    beijocas na Ana, diga que foi a Tia Vivian que mandou.

    ResponderExcluir
  4. Nossa que presentão lhe conhecer...Obrigada, Lu, por falar de mim para isa e obrigada Isa por passar lá pelo Desabafo. Eu continuo em busca de um lugar para Educação da Malu e, pra variar, quanto mais tenho dúvida, mais chegam avisos como seu sobre o caminho Waldorf. Eu ainda não tive privilegio de participar das reuniões nem visitar escola. Agendei na rudolf, mas surgiu um imprevisto no dia. Agora vou na micael no próximo fim de semana e a última alternativa seria a waldorf mesmo ( criticada por algumas conhecidas)...Vc não tem idéia como foi bom ler seu texto, sua experiência. Obrigada mesmo!!!

    ResponderExcluir
  5. Isa, eu nunca tinha pensado nisso mas a antroposofia eh a tua cara! Eu trabalhei dois anos e pouco na Waldorf em SP e tb gosto MUITO da filosofia...dou a maior forca! Um beijao

    ResponderExcluir