terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

E no fraldário...

Nesta última quinta-feira, dia 11 de fevereiro, fomos a mais uma sessão do Cinematerna. Desta vez a Ana não dormiu durante o filme, quis ficar se divertindo com brinquedos que estavam espalhados pelo chão e vendo outras crianças correndo pelo cinema. Quase não vi o filme, mas só pela carinha de felicidade dela se divertindo com brinquedos diferentes e reconhecendo outros bebês já valeu muito a pena. No final da sessão o Rapha foi nos escontrar lá no shopping. Fomos então fazer um lanche: Aline+Joaquim, Fer+Jose+Heitor, Rapha+Isa+Ana Clara. Heitor com apenas 1 m~es de vida aproveitou o encontro pra dormir aconchegado no seu beê-conforto. Joaquim, como sempre, muito simpático curtia com tranquilidade o colo de sua mãe Aline. Ana Clara? Esperta e explorando todos os canudos dos copos de suco que estavam sobre a mesa.
Lá pelas tantas, fui trocar a fralda dela. Aline e Joaquim nos acompanharam até o fraldário. Chegando lá mais uma mãe com seu bebê.

Conversa de fraldário:
Mãe - Ah... que lindo!! Tem quantos meses?
Aline - Três.
Mãe - Ela já tem 11.
Isa (intrometida na conversa) - A minha tem 10.
Mãe - Ah é?! E ela já engatinha?
Isa - Sim. Até já ensaia uns passinhos apoiada no sofá, na cadeira...
Mãe - A minha só começou a engatinhar agora. E... (se referindo a Aline) curta bastante essa fase, por que depois...
Isa (desconversando) - Qual é o nome dela?
Mãe - Gabriela. E a sua?
Isa - Ana Clara.

Conversa vai, conversa vem, os bebês interagem um pouco... E depois dos bebês devidamente trocados e limpinhos saímos do fraldário.

Isa e Aline - Tchau!
Mãe - Tchau!

Ahhh... Fico um tanto quanto irritada quando escuto uma mãe falando desse jeito: "curta bastante essa fase, poque depois...." Depois o que? Parece que só é bom ser mãe de bebês bem pequenos. depois a maternidade se torna um sofrimento, uma chatice. É quase sempre!! Parece que não tem mais o que falar. É quase como uma conversa de elevador.
Uma coisa é certa: o tempo parece que passa 10 vezes mais rápido quando se tem um bebê no colo. Todo dia é uma surpresa, uma descoberta. E se você não aproveitar cda segundo, o bebê já está falando e você nem se deu conta de que ele já estava andando sozinho há muito tempo. E é essa a graça da maternidade (e paternidade, claro!) Ver seu filho crescer, se desenvolver, explorar as coisas e o mundo com sua personalidade única. E eu disse "única"! Cada bebê tem seu tempo de se desenvolver, de crescer.
Existem umas mádis de desenvolvimento: com 4 meses o beb~e vira-se sozinho, com 5 meses fica sentado, com 8 engatinha, com 1 ano começa a andar sem apoio... Mas nem por isso seu filho tem um problema de motricidade se não está andando sozinho no seu aniversário de 1 ano.
Mas as mães tem essa necessidade de comparação (não que fosse o caso da mãe do fraldário), e quanto antes seu filho balbucia, fica sentado, engatinha , anda, fala, desfralda... melhor! E, atualmente, existe um turbilhão de estímulos pra que isso aconteça o quanto antes. Se alguém tivesse a fórmula de um estimulante pra fazer os dentes do bebê nascerem o quanto ante, essa pessoa estaria milionária!
E isso tudo porque percebo que muitas mães e pais NÃO RESPEITAM O TEMPO de seus bebês.
Nunca fui de ficar colocando munha filha de bruços, aos 5 meses, pra 'estimular' ela a engatinhar ou pra deixar o pescoço dela mais firme. Não via necessidade daquilo, mesmo a neuropediatra aconselhando a fazer. Mesmo porque, quando eu colocava ela naquela posição ela não gostava nem um pouco.
Uma vez li um texto que gostei muito e me fez refletir um pouco mais sobre essa não necessidade de estímulos para nossos pequenos.
As principais descobertas de Emmi Pikler
Myriam David, em um seminário lembra brevemento 4 pontos centrais referentes ao trabalho de Emmi Plikler:
(3) Journée d'étude du 13/12/03, <<>> (Introduction du Myriam David)
1º Ponto:
Um primeiro dado importante do trabalho da pediatra Emmi Pikler considera o processo de desenvolvimento do bebê. Ela mostra que o bebê é programado, seu desenvolvimento se desenrola espontaneamente seguindo uma determinada ordem. Não é necessário ensinar o bebê, se virar, se arrastar, se manter em pé, andar, tocar, pegar, largar objeto, etc. Tudo isso o bebê é capaz de fazer por si só, na medida em que ele é exposto a novas possibilidades conforme o seu desenvolvimento sensório motor.
2° Ponto:
A maior contribuição de Emmi Pikler concerne o papel essencial que a atividade livre e espotânea do bebê representa em seu desenvolvimento. Na verdade, ela descobriu quanto o bebê tem prazer e interesse em sua atividade espontânea e como ele aproveita as novas possibilidades oferecidas por seu próprio desenvolvimento sensório motor, progredindo assim a cada dia a pequenos passos, em suas capacidades e descobertas, ao ritmo de seu próprio desenvolvimento, cada passo procede e prepara o seguinte, num processo continuo e em uma ordem determinada. O bebê não tem um objetivo, ele experimenta a aventura, descobre tateando, reproduz, coordena cada aquisição à medida que segue seu caminho. Nós o vemos, dessa forma, capazes de fazer grandes esforços, mas capazes também de descansar, as vezes de olhar distante e depois retornar a tarefa. Através do exercício dessa atividade espontânea, o bebê é na verdade o motor, o animador do processo do desenvolvimento global: psicomotor, cognitivo, psíquico.
3º Ponto:
A Dra. mostra a importância de respeitar todas as manifestações espontâneas do bebê, a ordem e o ritmo de seus aparecimentos. A continuidade desse processo em que o bebê é o ator e autor, para que o exercício de cada passo não apenas prepare mas sirva de base ao seguinte. É importante não contrariar esse processo, interferindo ou expondo o bebê a posturas que ele ainda não descobriu sozinho ou que ainda não é capaz de adotar, retirando assim sua alegria de descobrir por si próprio e sentir segurança em suas próprias capacidades.
4º Ponto:
Emmi Pikler procura então as condições que possibilitem e favoreçam essas atividades espontâneas. Ela mostra a importância para o bebê de se benificiar de três espaços de vida bem distintos e que se alimentam um do outros:
- Área de cuidados corporais, como parte de uma relação calorosa, intima com a pessoa que garante o conjunto de cuidados e organiza os três espaços. essa intimidade é fruto de um olhar atento, permitindo ter acesso ao conhecimento do bebê real, de seus progressos e aquisições, o que ele está começando a explorar, tudo isso favorecendo o transcorrer os cuidados realmente necessários para cada bebê
- Área de exercício e de sua atividade livre: espaço de brincadeira livre, na qual o adulto não intervém diretamente,mas que ele toma cuidado ao organizar de forma a garantir sua permanência cotidiana e a segurança do bebê. O quadro desse espaço, sua dimensão, seus limites, seus conteúdo são pensados em função do desenvolvimento do bebê, de seus gostos e interesses.
- Área de descanso e sono: a frequencia, o ritmo, o tempo, o conteúdo de cada um desses espaços deve ser regulado em função da observação do estado da criança: estado do desenvolvimento, de vigilância, de cansaço, apetite, satisfação, etc. Afim que o bebê esteja se sentindo bem corporalmente e que ele possa assim aproveitar plenamente do exercício da atividade espontânea em cada espaço.
Depois que li esse texto, vejo compelta necessidade de ver minha filha explorar o mundo com o mínimo de estímulos possíveis. Observo atentamente a minha filha, vendo seus movimentos se desenvolverem sem que eu interfira no seus aprendizado. Hoje ela engatinha lindamente, mexe seus braços e pernas quando escuta alguma música, fica em pé apoiada no sofá, nas cadeiras ensaiando alguns passos... Ontem mesmo ela tentou subir no móvel aqui da sala se apoiando nos puxadores das gavetas.
Não acho que precisamos ser radicais e extremistas, mas devemos prestar mais atenção nos nossos pequenos, ver seu corpo e seus movimentos se desenvolverem com qualidade sem que nós fiquemos interferindo toda hora e enchendo eles de estímulos afim de apressar seu desenvolvimento sem necessidade.
Imagens: arquivo pessoal.
1ª foto. Dia 16/09/09 Ana Clara aprendendo a pegar no seu pé e com a fralda cheia de xixi.
2ª foto. Dia 17/01/10 Ana Clara no espelho na casa do biso, em Camboriú.

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